03/06/2013

Salvem o rio Cachoeira



Por PAULO CAMINHA (*)
Jornalista Correspondente

Não olho o rio Cachoeira (foto) sem que me bata uma tristeza medonha. Dói-me vê-lo morrendo aos poucos e muitos, sob as vistas da edilidade, que não se voluntária a salvá-lo. Nada se faz neste sentido, nem se pensa, pelo menos. A pensar que o mundo está condenado à morte pela falta de água, daqui a décadas. Sem ter como dar jeito, que nada sou nos naipes do baralho municipal, sofro a morte do rio Cachoeira.

Cedo da manhã da última quinta-feira, indo para Ilhéus, tive mais uma ocasião de olhar, com olhos tristes, o rio Cachoeira na podridão de sua agonia, ainda roubado de suas margens pela construção civil consentida. E perguntava-me, em silêncio - Não há câmara municipal nesta cidade? Ou, então, para que tem servido? Quanto mais não seja, o rio Cachoeira é um patrimônio natural da nossa cidade.

E entrei a pensar coisas. Além de luxo ornamental, privilégio de poucas cidades do sul da Bahia, bem poderia o rio Cachoeira prestar à cidade de Itabuna uma grande contribuição social. E notem que falo aqui do seu aproveitamento, não só na produção de peixes, como também na produção, às suas margens, de verduras, legumes e frutas, sob a responsabilidade do governo municipal, com postos de venda nos diferentes bairros.

Nada de finalidade lucrativa - senão a de abastecer de alimentos as populações mais pobres. Fica claro que, aí, não entraria a figura do atravessador. Nesse propósito, seria feito um contrato com as prefeituras dos municípios atravessados pelo rio Cachoeira, a que não poderia faltar, naturalmente, o auxílio, técnico e financeiro, do governo do estado. A melhor forma de resolver-se o problema da fome. Estou certo?

Mas qual. Assiste-se, com total indiferença, à morte do rio Cachoeira, feito despejo de esgotos. Não acabo de entender. O rio Cachoeira, se fosse isto uma injúria à cidade, nem sequer tem lugar nos planos de governo dos candidatos a prefeito, e não é de agora. Sim, vai aqui, se me permitem, modesta sugestão aos futuros candidatos, na próxima eleição. Mas que seja um compromisso firme - nada de eleitoreiro.

(*) Sobre o Autor - Paulo Caminha é jornalista e Doutor em jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo-(ECA/USP). Paulo Caminha é jornalista profissional desde 1980, já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV). Atualmente, é jornalista correspondente e professor universitário aposentado.

Fale com o Editor: paulorobertodasilvap@yahoo.com.br

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