01/04/2011

Quando os criminosos estão dentro de casa

Paulo Caminha (*)
Jornalista e professor


A rotina da violência e da barbárie funciona como uma espécie de “anestesia”. Estamos tão acostumados a ver na TV, ler no jornal e ouvir no rádio uma escalada impressionante de crimes cada dia mais ousados, hediondos, de uma crueldade tão absurda, que muitas vezes criticamos as vítimas, porque elas não tomaram determinados cuidados. E a bandidagem? Ora, pensa nós, faz parte do contexto social moderno. Não haverá polícia que extermine o crime, quando muito, pode exterminar criminosos. E só. A Justiça? Cumpre rigorosamente seus manuais de julgamento. A pena máxima é de 30 anos? Que se aplique após exauridas todas as chances de o apenado provar que é inocente, Condenado, logo ele é esquecido pela opinião pública, independentemente do tamanho do delito que cometeu.

No entanto, hoje e ontem a conversa sobre o infeliz fim do casal Manfred Albert Richtofen e Marísia Von Richtofen dominou todos os recantos da cidade de São Paulo, daqui de Itabuna e quiçá de todas as cidades brasileiras e por que não? Em todo o mundo! De repente, a pior notícia acabou não sendo o encontro de dois corpos no leito conjugal, mortos com barras de ferro e asfixiados, ou seja, atacados com uma brutalidade animalesca.O fato de que a própria filha do casal, uma jovem bonita de 19 anos, estudante de Direito, e nome certamente escolhido com amor e carinho pelos pais, Suzane Louise Von Richtofen, e seus dois asseclas, os indivíduos Daniel Cravinhos de Paula e Silva, de 22 anos, e seu irmão, Cristian Cravinhos de Paula e Silva, de 26 anos, premeditaram e executaram ele, um bem sucedido profissional e que era vice-presidente da Dersa – Desenvolvimento S/A, e ela, uma psiquiatra que mal sabia, que ao se antepor com o marido contra o namorado, abrigava na sua própria casa uma psicopata e anormal: a sua própria filha.

Sem repetir as circunstância e os fatos, amplamente relatados pelas mídias eletrônica e imprensa, e fazendo aqui o registro da eficiência da polícia que elucidou o crime cometido na noite de 31 de outubro em apenas uma semana, sabemos de antemão que esses criminosos serão beneficiados em algum momento da fragilidade do nosso Código Penal.Prisão Perpétua? Pena de Morte? Tudo isso é ficção do momento emocional que consegue se espalhar por toda a sociedade ordeira e comprovadamente, indefesa. Precisaríamos ter no mínimo leis eficazes em que 30 anos de reclusão, sejam 30 anos, sem artifícios de liberdade condicional ou outra molezas que o nosso caduco Código admite.Que criminosos com esse grau de periculosidade sejam mais que presos, confinados e sem direito a visitas, obrigados a trabalhar duramente para terem direito à comida para sobreviverem, e não o fazerem às custas da sociedade que atacaram e ofenderam duramente.

Não será surpresa se amanhã ou depois, Suzane conseguir prosseguir seu namoro com Daniel, casar na cadeia com promessa de arrependimento e no mínimo, devidamente amparados por entidades ditas de defesa dos direitos humanos.E que em seguida, consigam liberdade condicional como aconteceu com Guilherme de Pádua e sua mulher, assassinos da pior espécie que com requintes de horror assassinaram a atriz Daniela Perez.O fato concreto é que precisamos dotar a nossa Justiça de leis apropriadas para o tamanho dos crimes.Vamos apartar esse caso, que por incrível coincidência tem como vítima uma psiquiatra, e caminhemos na rota segura da punição exemplar, porque esses três jovens viciados em maconha e talvez, em outras drogas mais pesadas, usarão esses recurso de defesa.Todavia, a criminosa Suzane e seus companheiros na execução do bárbaro crime, engendraram por dois meses a retirada de suas vidas dos pais dela que os incomodava.Fica estranho como ela preservou o irmão de 15 anos, já que nessa “ilógica” do crime, uma a mais não faria a menor diferença.

Alguns psiquiatras que foram procurados para tentar explicar o que poderia ter ocorrido na cabeça de uma jovem que teve tudo (seria este o erro?) se envolve com um rapaz viciado, entra na roda “de fogo” do vício e cometem friamente o crime, seguem para um motel (para disfarçar?), buscam o filho menor do casal morto, e no dia seguinte, todos vimos, choram as lágrimas falsas do despiste, pois nem mesmo foram lágrimas de arrependimento. E chegam à conclusão de que ela, a criminosa, pode ser dotada de uma psicopatia congênita (um defeito de fábrica?) incurável e jamais poderá ser readmitida no convívio social.E os psiquiatras acabam de fornecer o caminho para a defesa da filha assassina.E com toda convicção, será o roteiro predileto desse “trio tortura” e o escolhido para a defesa dos irmãos matadores.

A indignação generalizada na população chega ao desplante de lamentar que não foram assassinos comuns.O que fazer quando um assassino compartilha da nossa casa, da nossa sala de jantar, do nosso quarto e tem como aliado o nosso próprio filho ou a nossa própria filha? No caso, a pena de morte já foi usada: para as vítimas! E de forma implacável, sem pena ou dó, enquanto largos segmentos sociais querem abrandar as leis, e o nosso Congresso Nacional não assume suas verdadeiras responsabilidades.Que se reveja imediatamente, urgentemente o Código Penal e que venham penas duríssimas e com o mesmo grau de intolerância que os criminosos usam.Os direitos humanos precisam ser aplicados sim, mas em favor dos homens de bem primeiro!

(*) Sobre o Autor - Paulo Caminha é jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP). Jornalista profissional desde 1980, já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV), nas funções de repórter. Também é professor universitário, com doutorado em Relações Internacionais. Atualmente, é repórter correspondente e ministra aulas de Língua Estrangeira.