25/03/2012

Viver é participar

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista e Escritor

Transporte coletivo, ensino, lazer, segurança, abastecimento, salário, emprego, ecologia, tarifas de serviços públicos, assistência médica.Mais um ano termina e novamente os velhos costumes permanecem ilesos e inalterados.Será que ainda há salvação para o brasileiro, enquanto consumidor e usuário de serviços públicos e privados?

A resposta tem de ser positiva. Mas, não porque haja perspectivas avanço sensível em termos de qualidade de vida para o nosso povo em nosso País. Ao contrário: sem querer ser pessimista, tudo indica que o ano que começa será ainda mais difícil do que o ano de 2011.Só não vê quem não quer. O Brasil terá, em 2012, um ano muito provavelmente dramático. Somente com muita luta conseguiremos suportar e, quem sabe, superar as dificuldades que nos esperam.

Mas, a melhoria de nossas condições de vida depende, fundamentalmente, de nós mesmos. Se nos acomodarmos, corremos o risco de regredir, em vez de avançar.É preciso que nos mobilizemos cada vez mais em defesa dos nossos interesses.Todos os recursos devem ser utilizados.

Cochicho, queixa, lamúria, não levam a nada.A pressão popular já forçou a criação de organismos oficiais mais diretamente destinados a defesa do consumidor e usuário, como o Procon e Juizado de Pequenas Causas.Mas, eles funcionarão eficientemente se prestigiados, isto é, se procurados, acionados e cobrados.Além deles, existem outros canais por onde se pode conduzir a força da vontade popular.As associações são um desses canais.Mas, há também, as cooperativas, as sociedades, os clubes de serviços, os sindicatos, os partidos políticos.Aquele usuário de serviços públicos ou privados, aquele consumidor, aquele cidadão brasileiro, enfim, que pretenda ver seus direitos respeitados, deve se filiar a um desses canais, pelo menos, ou a todos, se possível.

Principalmente ao último deles, o partido político.Sim. É preciso acabar com esse negócio de só achar que política é uma “coisa suja”. Vamos dar nossa contribuição para “limpá-la”. Ficar de fora, “metendo o pau” em quem está dentro, sabe lá às vezes com que sacrifício, não adianta nada.Vamos também oferecer, em vez de só exigir.Vamos dar a nossa contribuição efetiva para que as coisas melhorem.Por isso, assim que puder, filie-se a um partido, a um sindicato, a um clube de serviço, a uma sociedade, a uma cooperativa.

Filie-se e não limite sua contribuição apenas isso. Milite, efetivamente, oferecendo sugestões e críticas.Lute por seus direitos e pelos diretos dos outros.Viver é lutar.

E o que é lutar, em termos de se buscar uma melhoria dos nossos padrões de vida? É participar cada vez mais da defesa dos interesses da população. Só assim atingiremos o objetivo de tornar nossa sociedade mais humana e fraterna.

Precisamos nos conscientizar de que somos todos responsáveis por isso.Não podemos acreditar que nossos problemas, nossas dificuldades serão resolvidas, por nossos governantes, sejam eles de que partidos forem.

Leis, nós já temos até demais.O que precisamos é de quem as faça cumprir, fazendo valer,assim, nossos direitos por elas garantidos.Mas, que melhor fiscal de nossos direitos, do que nós mesmos?

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos um transporte coletivo pontual, confortável e seguro.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos um ensino gratuito, mas atraente e eficaz.
Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos mais e melhores opções de lazer.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos a segurança que não temos, de quem é pago por nós para proporcioná-la e não para nos amedrontar e violentar.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos um sistema de abastecimento sem especulação onde os produtos tenham qualidade garantida.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos salários compatíveis com nossa capacidade de produção e que nos proporcionem um padrão de vida à altura dessa capacidade.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos evitar o fantasma do desemprego, inadmissível presença numa cidade onde ainda há tanto por fazer.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos preservar a natureza, da qual somos parte integrante e de cujo equilíbrio precisamos para nossa sobrevivência saudável.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos impedir altas abusivas das tarifas de serviços públicos, que, nem por serem públicos, precisam necessariamente, dar prejuízo, mas devem sim, ter o objetivo maior interesse da população e não do lucro.

Só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos ter uma assistência média que não veja, no doente, apenas uma fonte de lucro fácil, mas, principalmente, o ser humano necessitado de cura.

Finalmente, só assim, vigilantes e atuantes, conseguiremos fazer, da sociedade itabunense, uma sociedade digna do significado real desta palavra, porque responsável, solidária e, assim alegre.

(*) Sobre o Autor - Paulo Caminha é jornalista e Doutor em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Jornalista profissional desde 1975, já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV), nas funções de repórter. Atualmente, é jornalista correspondente e professor de Língua Estrangeira.

E-mail: paulo_caminha1@yahoo.com.br

Um comentário:

Celeste Ramos disse...

Senhores, tenho observado que o Blog do Jornalista Paulo Caminha é o único de Itabuna que poderia fazer parte da equipe do fantástico, o único que denuncia, sem medo, e sem papas na língua.E mais: não pratica jabá e nem está na Folha de Prefeituras. Parabéns Caminha.