20/03/2012

Amanhã será um novo dia...

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista e Escritor

É bom saber que você existe.Melhor ainda sentir a certeza do amor que nasceu entre nós.É bom saber que você pensa em mim, em silêncio e em silêncio eu me habituo à idéia de amar você.Já nem me importo com as lembranças que curti, sozinho, ruminando cada uma das solidões a que me entreguei quando fracassaram as tentativas e investidas que assumi em busca da ilusão, sim, mas é bom acreditar que ela pode estar ali, logo depois da curva, quando os trens que nos transportam nas fugas, apitam num lamento que cala fundo na alma, cheia de saudade...É bom saber que você existe, que está perto porque está e mais próxima ainda porque os encontros furtivos nos levam ao aconchego conivente das nossas entregas.

Pode ser que hoje não possamos gritar ao mundo a dimensão dos sentimentos que vimos brotar porque plantamos, cada um, na terra fértil da carência, da necessidade e de uma consciência feliz arquitetada pelo destino. Não houve premeditação no primeiro encontro, não houve trama no primeiro olhar nem armadilhas no primeiro abraço, disso temos a certeza.Aconteceu, pronto.Coisas de destino e que pertencem a um passado irreversível, impossível, portanto, de ser modificado.É bom saber que você existe...E se não podemos caminhar pelas madrugadas desses dias que temos medo de ver nascer; se não podemos curtir por inteiro a magia diferente de cada deitar do sol; se ainda não nos é permitido esquecer o tempo e contar estrelas de uma noite inteira, se nos vetam os alvarás hipócritas para que possamos caminhar em liberdade, bebendo cada beijo a que temos direito e unidos por cada abraço que acende nossos desejos comuns, resta-nos o consolo de que, inteligente, como diz a sabedoria...Resta-nos a cumplicidade das escapadas, quando podemos, então, nos apoderar do mundo e do universo, espaços únicos e capazes de comportar a grandeza dos sentimentos que se avolumam dentro de nós.É bom saber que você existe e que o sorriso com que sorria para mim é o verdadeiro, é o desabrochar da felicidade do espírito...Sim, eu te amo, muito... e não me importo com as vezes que já confessei esse sentimento, iludido comigo mesmo, com as minhas fantasias, com os meus sonhos.Só hoje vejo o quanto estive enganado, porque amar...amar, meu amor, deve ser isso que descobrir quando senti imensamente a tua falta, mesmo que o tempo passado tivesse sido apenas de um par de horas, desde o último encontro...É que houve espera, houve expectativa, o que serviu para me dar os parâmetros e imaginar todas as dimensões desse sentimento...Se não te posso mostrar ao mundo e para o mundo dizer que cheguei, finalmente, ao fim da minha busca e de todas as minhas procuras pelo lugar definitivo, posso, por enquanto, adormecer feliz com a certeza de que, ontem adormecestes nos meus braços e porque sei o quanto esperas, hoje, chegar à hora de nos vermos outra vez.Ontem, foi ontem.Hoje é agora e ninguém vai nos roubar esse tempo a que nos permitimos e amanhã...bem, amanhã meu amor, será um novo dia...

(*) Sobre o Autor - Paulo Caminha é Doutor em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Jornalista profissional desde 1975, já trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV), nas funções de repórter. Paulo Caminha é também professor de Língua Estrangeira, estudou como bolsista da Fundação Rotária, do Rotary Club Internacional (EUA).

E-mail: paulo_caminha1@yahoo.com.br

Um comentário:

Glória Maria da Silva disse...

Olá, Sr. Paulo, como vai?

Estou gostando de ler as crônicas.
Continuar mantendo a sensibilidade no meio de tantos tormentos da vida
é um grande privilégio, para poucos....

"...cada coisa tem um instante em que ela é,e eu, quero apossar-me do é da coisa..."
(Clarice Lispector)

Que o senhor tenha uma boa tarde!

Gloria