23/08/2012

Segurança deve ser preocupação dos futuros prefeitos

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista correspondente

As pesquisas de opinião pública merecem uma avaliação mais serena, especialmente quando nos referimos à sua importância na política, e, por conseguinte, em eleições.Sempre, e isso serve para qualquer prospecção de tendências, elas refletem o que as pessoas pensam sobre determinados temas ou pessoas naquele momento específico.

Fica muito claro que existem convicções partidárias, ideológicas até pessoais que tem um espectro mais permanente. Então, nesses casos, o casual, o instantâneo não modifica essa posição, e isso faz, por exemplo, a gente saber que determinada facção política ou determinado líder partidário terá percentual histórico em qualquer quadro eleitoral.

Assim, existem temas temporais, que fazem reverter ou inverter uma tendência do eleitor.O tema desemprego foi um dos mais perenes em todas as últimas três eleições presidenciais.Será novamente em 2012? Claro que sim, mas perdendo de longe para a preocupação do cidadão com a Segurança Pública, isto é, com a responsabilidade que o Estado (aí seja federal, estadual ou municipal) tem perante a sociedade. No entanto, pelo aumento absurdo do nível de agressividade e violência, essa preocupação desce ao microcosmo da família e chega à segurança pessoal.

É como se todo o aparato policial civil e militar estivesse com uma única massa incompetente, o que convenhamos, não é verdade.Independentemente de suas falhas estruturais, materiais e de pessoal (não vamos discutir a corrupção e os maus policiais, porque isso merece uma outra avaliação), a polícia seja em que cidades do mundo se medir a sua eficiência, exerce um papel de fiscalização e investigação.A sua ação preventiva depende de outros componentes sociais para a obtenção de resultados melhores e mais palpáveis.Disso decorre a menor incidência de violência urbana quanto menor for a cidade.As grandes cidades, exatamente por que dispõe de menos equipamentos urbanos, são propícias ao agrupamento de ladrões, assassinos, e a relação habitante por policial, se perde numa cidade de 206 mil habitantes, como se estima Itabuna, à problemática situação da Capital, com seus mais de três milhões de habitantes.Em tese, cidades de porte médio como Ilhéus, Vitória da Conquista, Feira de Santana, são menos violentas que a Capital, assim como, estas últimas são muito mais violentas que Porto Seguro, Teixeira de Freitas ou outras simpáticas e amenas cidades interioranas.

Ligar, como fazem alguns analistas políticos ou cientistas sociais, a elevação dos índices de criminalidade aos itens educação emprego, é atender ao princípio básico da organização social: com escola e vida digna, a criança tem tudo para atingir a adolescência e a vida adulta como homem de bem. No entanto, a realidade social e econômica brasileira é de uma crueldade trágica, pois os bolsões de pobreza, além de numerosos, se espalham pelas grandes metrópoles pelas pequenas cidades formando um tenebroso estoque de favelados e carentes. Atacar a origem desse mal, portanto é criar condições de emprego na indústria, no comércio, mas antes, lá no campo, pela via da agropecuária.

Se vale dizer, que precisamos ampliar a reforma agrária, está dito! Ou melhor, que isso, adotar uma política agrícola nacional que fixe o homem no seu habitat, ou em sua terra. Estaremos chegando então na parte preventiva da criminalidade, que se estriba no tripé da educação, saúde e emprego. Resta, contudo a parte curativa, que é reverter essa escalada da violência que cresce pelas razões apontadas antes, mas com ênfase para a questão das nossas leis, que criam a sensação da impunidade, sensação que, infelizmente, é real! O criminoso que por maior e mais grave for o delito cometido, haverá sempre uma válvula de escape legal, para recolocá-lo no “mercado, do crime, é óbvio”.

Esse item da Segurança Pública praticamente resume como será a campanha para a eleição para prefeito em 2012. Note-se que estamos nos referindo ao Poder Executivo. E por que? Rigorosamente porque quando o povo elege um governante, está votando na proposta do candidato, na pessoa, e na filosofia de governo que ele promete implementar. O combate ao crime organizado e também ao desorganizado, ao fortuito e banal, porque pessoas perdem a vida porque esboçam surpresa diante de um bandido drogado, com medo, ou portador de maldade congênita. E todos sabem que lá na frente, será preso e colocado num “depósito” de gente, onde precisará se “doutorar” em crimes para sobreviver, restando-lhe a tentativa da fuga, ou se valer das muitas benesses que leis arcaicas lhe oferecem.

(*) PAULO CAMINHA é mestre em jornalismo e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Paulo Caminha é jornalista profissional desde 1980. Trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV). Atualmente é jornalista correspondente.

E-mail: paulo_caminha1@yahoo.com.br

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