20/08/2012

As crises e o descrédito

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista

O descrédito do eleitorado brasileiro em relação à classe política desceu a um nível tão baixo que as eleições de 2012 já estão sendo vistas como mais um teste para a nossa democracia. A frieza dos eleitores - os das capitais e das pequenas cidades, principalmente - é palpável e motivo de preocupação dos candidatos, que temem uma enxurrada de votos brancos e nulos. Até mesmo políticos tradicionais, tidos como “bons de votos” estão sentindo a indiferença de seus eleitores.

A desilusão do eleitorado com os políticos é justificado até um certo ponto, e se deve, em parte, as crises que abalam a nação: a crise moral e, agora, o envolvimento de vereadores de Itabuna, acusados de envolvimento em corrupção.A opinião pública – particularmente a faixa menos informada e politizada - atribui grande parte dessas crises aos políticos, indistintamente, nivelando-os por baixo.É verdade que os maus políticos espalhados por todo o Brasil têm sido os grandes responsáveis por esse descrédito.Políticos que impunemente se confessam corruptos, sonegadores, lobistas etc e freqüentam noticiário policial dos jornais não são, certamente, exemplos de homens públicos e nem estimulam o eleitor a comparecer às urnas.

Apesar de tudo isso, a generalização é injusta.Temos que acreditar que ainda existem muitos homens e mulheres bem intencionados na política brasileira, alguns começando agora pelo caminho da veerança. E é justamente pelo voto e não pela omissão, como pregam muitos dos desiludidos – que os maus políticos serão expurgados da vida pública.

Estamos a quarenta e oito dias das eleições. Há tempo para que os eleitores que pretendem se abster ou anular seu voto se conscientizem da gravidade de outra opção que não seja a do voto direto, claro, limpo – representativo do direito de votar que a Constituição lhe assegura.Fora disso, o eleitor faltoso estará abdicando do seu direito de reclamar e do seu direito de ter direitos.

Com a oportunidade da reeleição nos dada através da Legislação, cria-se a oportunidade da manutenção, dos administradores que de fato bem administram o patrimônio público, que tem compromisso com sua comunidade, em fim que sabem gerir o dinheiro do povo em seu próprio benefício, e excluir de vez àqueles que abusam da confiança recebida para em causa própria, aumentando a miséria e as desigualdades sociais.

Atenção, eleitor! - Itabuna vai para uma nova eleição onde os riscos de prevalecer o continuísmo são eminentes, e muitas as possibilidades dos predadores retornarem às antigas funções ou elejam seus cães de guarda para permanecerem controlando pela guia o território de domínio. Nem por isso podemos deixar morrer a esperança do rejuvenescimento das pessoas e do modelo de se fazer política, apostando nos jovens que entendemos probos capazes de uma virada espetacular. Basta de retrocesso! O passado que nos fez infelizes temos que jogar no lixo e atear fogo para não deixar vivo o risco da volta. É hora de o eleitor abandonar o vício de acreditar nas mentiras e promessas ilusórias de candidatos inescrupulosos. Largar o vício de vender o seu voto, afinal é criminoso quem compra e quem negocia a sua consciência. Político que compra voto não tem compromisso com o “tolo” do eleitor. Desprezar o vício de achar guardião para o seu título, o vício de eleger viróticos que disseminam pobreza e injustiça social neste Município semianalfabeto onde o povo não valoriza a qualidade do voto.

(*) PAULO CAMINHA é jornalista e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é repórter correspondente e professor de Língua Estrangeira.

E-mail:paulo_caminha1@yahoo.com.br

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