25/08/2012

Quem será?

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista

Itabuna terá seis candidatos nestas eleições, são eles: José Nilton Azevedo (DEM), Juçara Feitosa (PT), Claudevane Leite (PRB), Zem Costa (PSOL), Zé Roberto (PSTU) e Pedro Heliodoro (PCB).Segundo analistas, cientistas políticos, marqueteiros, jornalistas, curiosos e palpiteiros, um dos nomes acima deverá ser o futuro Prefeito de Itabuna. Não duvido.Mas uma dúvida me deixa inquieto.O que vai mudar com qualquer um deles? Torno a ler os nomes, um por um, bem devagar e, sem demérito a qualquer um deles, não sinto o menor entusiasmo. Devo estar exigente demais - penso, e resolvo tentar mais uma vez.Releio e, para falar a verdade, fico quase torcendo para que um deles me cause pelo menos uma leve excitação de novidade, de mudança ou de esperança.Mas...nada.São experientes, sérios, competentes e honestos.Mas...iguais.Embora diferentes, são iguais.E o que os torna iguais? Em todos eles falta a predestinação, a ousadia e o carisma que difere um Prefeito de um Estadista. E isso, não há marqueteiro que consiga criar.

(*) PAULO CAMINHA é mestre em jornalismo e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Paulo Caminha é jornalista profissional desde 1980. Trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV). Atualmente é jornalista correspondente.

E-mail: paulo_caminha1@yahoo.com.br

23/08/2012

Segurança deve ser preocupação dos futuros prefeitos

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista correspondente

As pesquisas de opinião pública merecem uma avaliação mais serena, especialmente quando nos referimos à sua importância na política, e, por conseguinte, em eleições.Sempre, e isso serve para qualquer prospecção de tendências, elas refletem o que as pessoas pensam sobre determinados temas ou pessoas naquele momento específico.

Fica muito claro que existem convicções partidárias, ideológicas até pessoais que tem um espectro mais permanente. Então, nesses casos, o casual, o instantâneo não modifica essa posição, e isso faz, por exemplo, a gente saber que determinada facção política ou determinado líder partidário terá percentual histórico em qualquer quadro eleitoral.

Assim, existem temas temporais, que fazem reverter ou inverter uma tendência do eleitor.O tema desemprego foi um dos mais perenes em todas as últimas três eleições presidenciais.Será novamente em 2012? Claro que sim, mas perdendo de longe para a preocupação do cidadão com a Segurança Pública, isto é, com a responsabilidade que o Estado (aí seja federal, estadual ou municipal) tem perante a sociedade. No entanto, pelo aumento absurdo do nível de agressividade e violência, essa preocupação desce ao microcosmo da família e chega à segurança pessoal.

É como se todo o aparato policial civil e militar estivesse com uma única massa incompetente, o que convenhamos, não é verdade.Independentemente de suas falhas estruturais, materiais e de pessoal (não vamos discutir a corrupção e os maus policiais, porque isso merece uma outra avaliação), a polícia seja em que cidades do mundo se medir a sua eficiência, exerce um papel de fiscalização e investigação.A sua ação preventiva depende de outros componentes sociais para a obtenção de resultados melhores e mais palpáveis.Disso decorre a menor incidência de violência urbana quanto menor for a cidade.As grandes cidades, exatamente por que dispõe de menos equipamentos urbanos, são propícias ao agrupamento de ladrões, assassinos, e a relação habitante por policial, se perde numa cidade de 206 mil habitantes, como se estima Itabuna, à problemática situação da Capital, com seus mais de três milhões de habitantes.Em tese, cidades de porte médio como Ilhéus, Vitória da Conquista, Feira de Santana, são menos violentas que a Capital, assim como, estas últimas são muito mais violentas que Porto Seguro, Teixeira de Freitas ou outras simpáticas e amenas cidades interioranas.

Ligar, como fazem alguns analistas políticos ou cientistas sociais, a elevação dos índices de criminalidade aos itens educação emprego, é atender ao princípio básico da organização social: com escola e vida digna, a criança tem tudo para atingir a adolescência e a vida adulta como homem de bem. No entanto, a realidade social e econômica brasileira é de uma crueldade trágica, pois os bolsões de pobreza, além de numerosos, se espalham pelas grandes metrópoles pelas pequenas cidades formando um tenebroso estoque de favelados e carentes. Atacar a origem desse mal, portanto é criar condições de emprego na indústria, no comércio, mas antes, lá no campo, pela via da agropecuária.

Se vale dizer, que precisamos ampliar a reforma agrária, está dito! Ou melhor, que isso, adotar uma política agrícola nacional que fixe o homem no seu habitat, ou em sua terra. Estaremos chegando então na parte preventiva da criminalidade, que se estriba no tripé da educação, saúde e emprego. Resta, contudo a parte curativa, que é reverter essa escalada da violência que cresce pelas razões apontadas antes, mas com ênfase para a questão das nossas leis, que criam a sensação da impunidade, sensação que, infelizmente, é real! O criminoso que por maior e mais grave for o delito cometido, haverá sempre uma válvula de escape legal, para recolocá-lo no “mercado, do crime, é óbvio”.

Esse item da Segurança Pública praticamente resume como será a campanha para a eleição para prefeito em 2012. Note-se que estamos nos referindo ao Poder Executivo. E por que? Rigorosamente porque quando o povo elege um governante, está votando na proposta do candidato, na pessoa, e na filosofia de governo que ele promete implementar. O combate ao crime organizado e também ao desorganizado, ao fortuito e banal, porque pessoas perdem a vida porque esboçam surpresa diante de um bandido drogado, com medo, ou portador de maldade congênita. E todos sabem que lá na frente, será preso e colocado num “depósito” de gente, onde precisará se “doutorar” em crimes para sobreviver, restando-lhe a tentativa da fuga, ou se valer das muitas benesses que leis arcaicas lhe oferecem.

(*) PAULO CAMINHA é mestre em jornalismo e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Paulo Caminha é jornalista profissional desde 1980. Trabalhou em praticamente todos os principais veículos da imprensa brasileira (jornais, revistas e redes de TV). Atualmente é jornalista correspondente.

E-mail: paulo_caminha1@yahoo.com.br

22/08/2012

Na escócia, em busca do bom uísque

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista correspondente

Confesso: não fui à escócia fazer turismo, ouvir gaita de fole,ver saiote de homem, mulher de cabelo vermelho, ovelha lanuda, nobre decadente, gado de raça ou castelo medieval.Digo a verdade:só fui a velha Escócia para conferir (e degustar) um dos maiores prazeres da vida civilizada: o bom, generoso e inspirador uísque escocês legítimo: o puro e respeitável scotch – a bebida que (segundo as últimas estatísticas da ONU) “faz a cabeça”, diariamente, de mais de oitenta e sete milhões de pessoas em todo o mundo.Pessoas que não acreditam que o álcool, quando bem tomado, seja uma doença do corpo ou da alma: mas sim um encanamento, no sentido do termo, de espírito:um encanamento talvez do “Espírito” da própria humanidade: de seu inconsciente coletivo.Não um vício.Mas uma virtude.Tim-tim.

Em Londres já havia bebido em pubs sofisticados e fechadíssimos como Saint-James, o Carlton ou o Pall Mall, mas prefiro os bares da velha Escócia, eles são mais democráticos e populares: neles todo mundo bebe em pé, serve-se à vontade, paga quando quer, fala mal do governo e conta piadas infames. Os pubs da Escócia abrem às onze da manhã, fecham às três da tarde, reabrem às quatro e fecham definitivamente às onze e meia da noite.Quando falta alguns minutos para a hora fatal, o barman gringo bem alto: “Time! Gentleman! Please!

Então todos tratam de esvaziar os copos, porque dali para frente a lei prevê punições (não tão severas como a nossa “Lei de Segurança”) para quem ainda insistir em bebericar.Com um horário tão apertado para “fazer a cabeça” é explicável que os escoceses bebam o máximo de tempo.E mais: prefiram bebidas fortes: fulminantes, de bate-pronto.É aí que o uísque entra na história.Há 60 anos atrás o uísque era uma bebida ainda pouco consumida no mundo.Perdia para o vinho, o vermute, o rum, a champanhe – e até mesmo para o maldito gim.Hoje ele é absoluto e chega a ser destilado e até fabricado no Japão, Paraguai, Iêmen do Sul, Nova Zelândia...e Brasil...Mas, depois de visitar as incríveis destilarias da velha Escócia, qualquer um chega à conclusão que é literalmente impossível de fabricar uísque fora do Reino Unido.

Por motivo muito simples: a fabricação de uísque exige a presença da turfa escocesa (material combustível ainda no primeiro estágio de formação do futuro carvão mineral) cuja fumaça, passando através dos grãos de cevada, é que vai dar ao uísque seu famoso sabor, levemente queimado.Não há uísque sem a fumaça da turfa escocesa.Nunca! Jamais! Em tempo algum! Em lugar algum nenhum! Mesmo porque a turfa escocesa tem a sua exportação proibida.Crianças: o que se bebe por aí pode até ser uma aguardente muito honesta e saborosa (dependendo do paladar de cada um), mas digo e repito: não é uísque.

Diz a lenda que foi São Patrício (simpático santarrão irlandês) quem inventou a destilação do scotch.O fato é que o clima frio e inclemente da Escócia permitia que ali se plantasse apenas um tipo de cereal altamente resistente: a cevada, com a qual alimentava o gado, faziam seus pirões e tiravam um tipo de bebida chamada “wyskebaugh”, uma espécie de cerveja enfumaçada que ficava depositada nos porões dos castelos medievais e nos navios que sangravam os mares do Norte.Há pouco mais de cem anos é que os fabricantes tiveram a genial idéia de misturar essa bebida do Norte com outra aguardente mais amena, fabricada no Sul, surgindo então o Blended que conserva o sabor da bebida primitiva, com aspecto visual mais agradável e palatável.A base do bom uísque é sempre o grão: finíssima cevada que só cresce nos planaltos altos e frios.Depois de bem lavadas, as sementes ficam de molho por três dias.A seguir o grão é escorrido, espalhado num amplo terreiro e levemente borrifado com água quente – é o que permite que se inicie o processo de germinação.Depois é colocada para secar por mais de três dias sobre uma tela cujo combustível – repito – é a famosa turfa marítima escocesa, da qual emana uma fumaça lodada, aromatizada e insubstituível.Depois de seco, o malte, assim obtido, fica em repouso um tempo para “curar”.A seguir ele a ser misturado com água quente para a fermentação.A mistura segue então para os alambiques de cobre, a fim de ser destilada.Um vapor sobe pelos complicados tubos – é resfriado, condensado – e o álcool então se separa do líquido fermentado.O produto da primeira destilação volta novamente aos alambiques e mediante adição de água cristalina nas nascentes escocesas vai para os imensos barris de carvalho ou de cerejeira, conforme o status -, onde repousa (nobremente) durante três longos anos.Antes de entrar nos barris ainda era uma bebida branca, transparente, incolor.O tom caramelado é obtido através da qualidade da madeira do tonel da qual envelhece. Nada de corantes artificiais.Nada de essências gustativas.Uísques de luxo chega ficar dez (ou vinte) anos nos barris de cerejeira.Transformam-se em bebidas mais licorosas – como o meu preferido, o “ Royal Salute”, que só deve ser tomado após o jantar, sem gelo.Dentre as marcas de combate que se permite, serem usufruídas com gelo, eu recomendaria “Lagavulin”, forte, denso e seco.Quando bebido em jejum, no entanto, ele á capaz de ter efeito altamente inspirador, quase psicodélico.

Para quem é amigo do velho fígado seria interessante dedicar-se a uísques mais fracos, mais claros, como o Mc Callun’s, que aliás era o preferido do legendário escritor irlandês James Joyce e Carlos Acuio, talvez o homem que mais entendia de uísque, autor do livro “Bebendo e Andando”.Tim-tim.

(*) PAULO CAMINHA é jornalista e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é jornalista correspondente.

E-mail: paulo_caminha1@yahoo.com.br

21/08/2012

Itabuna: uma cidade abandonada

PAULO CAMINHA (*)
Da Redação

Quem andar por qualquer parte de Itabuna não terá problema nenhum para chegar a uma conclusão: o poder público municipal perdeu o controle da administração. A cidade está abandonada. Os buracos tomam conta das ruas, até mesmo do centro; o lixo está jogado aos montes por todos os bairros; a saúde destroçada, ruas sem iluminação pública, praças desprovidas do verde e flores, etc. Este é o retrato de uma cidade que completou 102 anos de emancipação. Itabuna vive uma aula de demagogia e incompetência. A cidade se esvaindo em sangue, com mais de 108 crimes de morte até agora. Apenas três ou quatro presos, entre os assassinos dos 108 mortos e os demais soltos nas ruas da cidade, sendo grande parte deles ligados ao tráfico de drogas que domina a cidade. Vale salientar que os mandantes, senhores do tráfico de drogas e do tráfico de influência, continuam soltos. Dez a quinze assaltos diariamente nas ruas de Itabuna.O Hospital de Base, mantido pela prefeitura local, falta tudo: médicos, medicamentos, luvas, funcionários, etc. Um verdadeiro descaso!Uma limpeza pública desastrada, com as ruas sufocadas de montes de lixo, mesmo com serviço terceirizado a R$ 1,6 mil reais por mês. O Rio Cachoeira completamente apodrecido há três décadas, sem nenhum projeto de limpá-lo. A juventude entregue nas mãos dos traficantes. O sistema de transporte coletivo destruído. Enquanto o prefeito de Itabuna, José Nilton Azevedo (DEM), tenta enganar a população, realizando obras de fachada com intenções eleitoreiras, gastando fortunas do dinheiro público com propagandas enganosas. Itabuna precisa sair desse marasmo administrativo e encontrar novos caminhos para o desenvolvimento. Acorda, Itabuna!

Insegurança Geral

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista

A morte da pequena Ana Ketlin Santos de Jesus, 4 anos, executada com um tiro na cabeça enquanto dormia em sua casa no bairro Corbiniano Freire, em Itabuna, trouxe à tona o que todos já pressentiam e temiam: a segurança pública no Estado da Bahia está fora de controle.Não adianta o Governador afirmar que a Polícia está trabalhando como nunca e que já prendeu não sei quantos criminosos este ano.O problema é que a população está apavorada e já não confia que a Polícia possa lhe proporcionar segurança.E quando a sensação de medo e desamparo atinge a população não bastam mais palavras e promessas.Não bastam mais justificativas ou explicações.Agora é preciso ação.É preciso que o governo reveja suas ações na área de segurança e reassuma urgentemente o controle da situação. É isso que a população espera. É isso que todos nós esperamos.

Pergunta no ar - Da série perguntar não ofende: afinal de contas, o que o Estado tem feito pelos nossos jovens? Existe incentivo à prática esportiva? E cursos de capacitação? Quantos dos homicídios do ano passado foram elucidados? E mais: neste ano de 2012 já são 115 jovens mortos em Itabuna. Quantos suspeitos a polícia tem? A sociedade precisa de uma resposta rápida, governador. Estamos todos assustados.

20/08/2012

As crises e o descrédito

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista

O descrédito do eleitorado brasileiro em relação à classe política desceu a um nível tão baixo que as eleições de 2012 já estão sendo vistas como mais um teste para a nossa democracia. A frieza dos eleitores - os das capitais e das pequenas cidades, principalmente - é palpável e motivo de preocupação dos candidatos, que temem uma enxurrada de votos brancos e nulos. Até mesmo políticos tradicionais, tidos como “bons de votos” estão sentindo a indiferença de seus eleitores.

A desilusão do eleitorado com os políticos é justificado até um certo ponto, e se deve, em parte, as crises que abalam a nação: a crise moral e, agora, o envolvimento de vereadores de Itabuna, acusados de envolvimento em corrupção.A opinião pública – particularmente a faixa menos informada e politizada - atribui grande parte dessas crises aos políticos, indistintamente, nivelando-os por baixo.É verdade que os maus políticos espalhados por todo o Brasil têm sido os grandes responsáveis por esse descrédito.Políticos que impunemente se confessam corruptos, sonegadores, lobistas etc e freqüentam noticiário policial dos jornais não são, certamente, exemplos de homens públicos e nem estimulam o eleitor a comparecer às urnas.

Apesar de tudo isso, a generalização é injusta.Temos que acreditar que ainda existem muitos homens e mulheres bem intencionados na política brasileira, alguns começando agora pelo caminho da veerança. E é justamente pelo voto e não pela omissão, como pregam muitos dos desiludidos – que os maus políticos serão expurgados da vida pública.

Estamos a quarenta e oito dias das eleições. Há tempo para que os eleitores que pretendem se abster ou anular seu voto se conscientizem da gravidade de outra opção que não seja a do voto direto, claro, limpo – representativo do direito de votar que a Constituição lhe assegura.Fora disso, o eleitor faltoso estará abdicando do seu direito de reclamar e do seu direito de ter direitos.

Com a oportunidade da reeleição nos dada através da Legislação, cria-se a oportunidade da manutenção, dos administradores que de fato bem administram o patrimônio público, que tem compromisso com sua comunidade, em fim que sabem gerir o dinheiro do povo em seu próprio benefício, e excluir de vez àqueles que abusam da confiança recebida para em causa própria, aumentando a miséria e as desigualdades sociais.

Atenção, eleitor! - Itabuna vai para uma nova eleição onde os riscos de prevalecer o continuísmo são eminentes, e muitas as possibilidades dos predadores retornarem às antigas funções ou elejam seus cães de guarda para permanecerem controlando pela guia o território de domínio. Nem por isso podemos deixar morrer a esperança do rejuvenescimento das pessoas e do modelo de se fazer política, apostando nos jovens que entendemos probos capazes de uma virada espetacular. Basta de retrocesso! O passado que nos fez infelizes temos que jogar no lixo e atear fogo para não deixar vivo o risco da volta. É hora de o eleitor abandonar o vício de acreditar nas mentiras e promessas ilusórias de candidatos inescrupulosos. Largar o vício de vender o seu voto, afinal é criminoso quem compra e quem negocia a sua consciência. Político que compra voto não tem compromisso com o “tolo” do eleitor. Desprezar o vício de achar guardião para o seu título, o vício de eleger viróticos que disseminam pobreza e injustiça social neste Município semianalfabeto onde o povo não valoriza a qualidade do voto.

(*) PAULO CAMINHA é jornalista e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é repórter correspondente e professor de Língua Estrangeira.

E-mail:paulo_caminha1@yahoo.com.br

A falta de ética na imprensa

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista

Os exageros de determinados órgãos de Imprensa e fartamente aplicados em períodos eleitorais constituem muitas vezes crimes definitivos, porque passado o episódio eleitoral, a vítima de campanhas muitas vezes sórdidas e pessoais, poderá receber qualquer tipo de reparo, menos o dano irreparável da derrota. No Brasil, logo após o regime militar, mais ainda sob a égide da Constituição de 1967, sem os Atos Institucionais que a desfiguraram foram utilizadas largamente, como uma espécie de "porre de liberdade", não sendo um fenômeno brasileiro.Na verdade isso ocorreu em todos os países no primeiro instante após longos anos de governos arbitrários, como por exemplo, em Portugal, na "revolução dos Cravos" de 1973.

No entanto, com o advento da Constituição de 1988, com as eleições gerais de 1989, o que se assistiu foi o açodamento mais isolado, aqui ou ali,mas a nossa "ressaca" nem chegou a incomodar, pois logo o episódio que levou o presidente Collor de Mello à renúncia, mesmo assim transformada em impeachment pelo Senado, deu demonstrações inequívocas de que a Imprensa sabe cumprir bem o seu papel.Não foi a campanha de um jornal ou de uma revista que derrubou o jovem presidente: foi a liberdade de Imprensa que repercutiu denúncias que partiram de seu próprio irmão.Collor deve à mídia, principalmente à eletrônica, sua eleição em 89, e na contrapartida, a Imprensa nada deve à Collor por haver acompanhado cada passo do rumoroso escândalo que envolveu PC Farias e que culminou com sua queda. E tudo na mais absoluta ordem, sem tentativas golpistas, e até sem o sensacionalismo comum aos grandes eventos desta natureza.Curiosamente, o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros ocorreram exatamente em períodos de liberdade de Imprensa.Getúlio sucumbiu diante do "mar de lama", e Jânio com sua renúncia, praticamente abriu caminho para a revolução de março de 64, porque os militares não aceitavam Jango Gulart.

No entanto,poucos se aperceberam que não tivemos revoluções sangrentas em 1954 ou 10 anos depois, porque o Brasil se comunicava precariamente à distância, por telefone por rádio, com uma televisão ainda elitizada.Ainda assim,é de se louvar os grandes jornais como O Globo, Jornal do Brasil, Correio da Manhã. O Estado de São Paulo, A Folha de S. Paulo e os Diários Associados, que cumpriram o papel fundamental da Imprensa que é primeiro o de informar seus leitores.Não que não tivessem exercido suas opiniões em Editoriais, que não tenham tomado partido em favor de uma situação ou outra, mas quando o fizeram, não recorreram à fotomontagens, a expedientes mesquinhos como infelizmente, muitos ainda hoje insistem em utilizar como meio de atingir interesses escusos ou vantagens subalternos.

Passado o tempo, sempre somos lembrados que a Imprensa é o quarto Poder.Por que se dá esta importância à Imprensa? Porque cabe a ela enquanto Instituição, ser a sentinela isenta do cidadão, e por conseguinte, a salvaguarda democrática definida e perene do pleno exercício de cidadania.

Estamos vivendo os novos tempos da globalização, que tem passagem obrigatória pelos meios de Comunicação. A Ética, palavra usada tão costumeiramente por todos, tem origem no comportamento, e em qualquer atividade humana.Assim como, forma o binômio ética-postura, esta última tratando da retidão.Sempre que um órgão de comunicação, qualquer que seja a sua importância perante um determinado público, e por menor que seja esse público, foge de sua função social, promove "guerrilha" cultural e desinformação.O perigo que daí decorre, é inimaginável.

Cabe à mídia eletrônica, pela forma massificante de penetração no chamado inconsciente coletivo, se ater tanto à ética quanto à postura.Novamente nos deparamos com o chamado risco de dano irreparável: pela rotatividade da audiência, quando retificada a notícia falsa ou mentirosa, ela já formou juízo de valor em quem ouviu, ou em quem ouviu e viu.Não é diferente na mídia impressa, seja revista, um jornal de grande circulação ou um jornal ou revista dirigida.Nesses casos é ainda pior, porque permite o uso e o abuso das campanhas difamatórias e pessoais, as quais mesmo depois de levadas aos tribunais, podem ressarcir materialmente se o dano for material, mas jamais podem recompor a moral ultrajada dos acusados injusta, ou mentirosamente.

Não cometer esses erros e não fugir dos princípios sadios de bem informar, é uma conduta que faz parte integrante da história de muitos jornais e blogs.No entanto, antes, é essencialmente o cumprimento da obrigação perante o público leitor.Esta Imprensa ética, é fundamental para a consolidação do estado de Direito e da própria Democracia no Brasil.Imprensa e Ética são indissociáveis.Não há como separá-las sem graves danos sociais e culturais.

(*) PAULO CAMINHA é jornalista e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é repórter correspondente e professor universitário.

E-mail:paulo_caminha1@yahoo.com.br

16/08/2012

Salvem o rio Cachoeira

PAULO CAMINHA (*)
Jornalista

Não olho o rio Cachoeira sem que me bata uma tristeza medonha. Dói-me vê-lo morrendo aos poucos e muitos, sob as vistas da edilidade, que não se voluntária a salvá-lo. Nada se faz neste sentido, nem se pensa, pelo menos. A pensar que o mundo está condenado à morte pela falta de água, daqui a décadas. Sem ter como dar jeito, que nada sou nos naipes do baralho municipal, sofro a morte do rio Cachoeira.

Cedo da manhã da última quarta-feira, indo para Ilhéus, tive mais uma ocasião de olhar, com olhos tristes, o rio Cachoeira na podridão de sua agonia, ainda roubado de suas margens pela construção civil consentida. E perguntava-me, em silêncio - Não há câmara municipal nesta cidade? Ou, então, para que tem servido? Quanto mais não seja, o rio Cachoeira é um patrimônio natural da nossa cidade.

E entrei a pensar coisas. Além de luxo ornamental, privilégio de poucas cidades do sul da Bahia, bem poderia o rio Cachoeira prestar à cidade de Itabuna uma grande contribuição social. E notem que falo aqui do seu aproveitamento, não só na produção de peixes, como também na produção, às suas margens, de verduras, legumes e frutas, sob a responsabilidade do governo municipal, com postos de venda nos diferentes bairros.

Nada de finalidade lucrativa - senão a de abastecer de alimentos as populações mais pobres. Fica claro que, aí, não entraria a figura do atravessador. Nesse propósito, seria feito um contrato com as prefeituras dos municípios atravessados pelo rio Cachoeira, a que não poderia faltar, naturalmente, o auxílio, técnico e financeiro, do governo do estado. A melhor forma de resolver-se o problema da fome. Estou certo?

Mas qual. Assiste-se, com total indiferença, à morte do rio Cachoeira, feito despejo de esgotos. Não acabo de entender. O rio Cachoeira, se fosse isto uma injúria à cidade, nem sequer tem lugar nos planos de governo dos candidatos a prefeito, e não é de agora. Sim, vai aqui, se me permitem, modesta sugestão aos futuros candidatos, na próxima eleição. Mas que seja um compromisso firme - nada de eleitoreiro.

(*) PAULO CAMINHA é jornalista e doutor em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é repórter correspondente e professor de Língua Estrangeira.

E-mail:paulo_caminha1@yahoo.com.br