25/01/2012

A cidade de São Paulo completa hoje 458 anos de fundação

Por PAULO CAMINHA, de São Paulo (*)

Um ritmo alucinante, um corre-corre diário, uma enorme colméia onde 24 horas por dia todos se agitam nervosamente. Um grande centro cultural, industrial, universitário que mesmo assim não consegue suprir as necessidades gerais.Assim pode ser definida a cidade de São Paulo.Nela tudo é movimento incessante, ela não para nunca, nas ruas lotadas, as pessoas se agitam nervosamente com muita pressa, numa procura constante de não sei o que.Por mais que se faça está sempre faltando muita coisa, apenas uma minoria é privilegiada, e grande maioria é esmagadoramente oprimida por falta de recursos, alimentação, enfim tudo.

SÃO PAULO, terra da poluição, do tempo inconstante, da garoa fininha que cai e penetra nos corações das pessoas, tornando-as cada vez mais frias. São Paulo um lugar que já foi calmo, sossegado, sem grande barulho, e que os imigrantes e migrantes foram descobrindo e povoando através dos tempos.Com esperanças de trabalho e de subir na vida, migram principalmente do norte e nordeste.E foi com esse pessoal que cada dia chegava mais e mais, que São Paulo foi crescendo e chegou ao ponto em que está, saturada, as firmas não comportam mais tantos trabalhadores e esses mesmos migrantes hoje lutam por um lugar ao sol, um lugar onde trabalhar.

SÃO PAULO, lugar de bons hospitais como o das Clínicas, Santa Casa, Beneficiência Portuguesa, que são os responsáveis pela vinda diária de muitas pessoas, que aqui vem procurando a cura para seus males.

SÃO PAULO, da poluição que nos dias de intensa atividade das indústrias consegue sufocar as pessoas chegando até mesmo a levá-las para o hospital.São Paulo, da correria, da agitação, do trânsito louco, que mata e agride.A agitação altera a cabeça das pessoas e muitas vezes o volante serve como válvula de escape, produzindo efeitos negativos, que podem mesmo chegar a tirar vidas humanas.

SÃO PAULO, que por BNHs, loteamentos populares ou coisas do tipo, ainda deixa muitos de seus filhos ao relento, dormindo embaixo de viadutos, praças, ou se alojando em favelas, invadindo terreno alheios, a procura de aconchegos e proteção.

SÃO PAULO, que por mais firmas, indústrias que apresente, deixa seus filhos de mão estendida pedindo um pedaço de pão, um dinheirinho para o leite das crianças.

SÃO PAULO, terra onde o paulistano trabalha muito e tem pouca opção de lazer, já que uma grande maioria mora em lugares periféricos, que pouco oferece. Paulistano trabalha semana inteira e no sábado ou domingo, aquele que não sobrou nenhum para a diversão é obrigado a ficar em casa vendo o programa do Faustão.

SÃO PAULO, terra em que aquele que conseguiu guardar uma graninha para o lazer vai pegar uma fila enorme nos cinemas, teatros e barzinhos da vida, onde a moçada entre um chopinho e um bom papo tenta esquecer os problemas.

SÃO PAULO, dos parques do Carmos, do Piqueri, Ibirapuera, onde as pessoas vão a procura do verde, da paz, do sossego, longe da agitação diária.Paz que mesmo nesses lugares está difícil de se encontrar, devido ao grande número de pessoas que lá comparecem nos feriados, domingos, e que soma-se aos muitos pipoqueiros, sorveteiros, atletas, crianças, bolas, animais de estimação, sem falar é claro os tradicionais radinhos de pilha.

SÃO PAULO, terra do Circuito Cultural, onde a prefeitura do município oferece aos paulistanos uma opção a mais de lazer, dando condução grátis, todos os domingos, para uma programação, que proporciona um contato maior com as edificações que marcaram períodos da história de São Paulo, como por exemplo, a Casa do Bandeirante, uma construção rural do século XVIII, com o também o antigo Mercado de Santo Amaro, do século passado, a casa das Retortas que representa o início da industrialização em São Paulo e o Pátio do Colégio.

SÃO PAULO, dos museus, do Ipiranga, de arte, arte brasileira, arte contemporânea, moderna, sacra, do telefone, etc.

SÃO PAULO, dos fanáticos torcedores do Corinthians, São Paulo, Palmeiras, e outros que lotam os estádios em dias de jogos, e que na euforia se deixam levar por impulsos animalescos, agredindo-se uns aos outros, destruindo estádios, e machucando torcedores e até mesmo jogadores, que muitas vezes pensam estar disputando uma luta de boxe e não uma partida de futebol.

SÃO PAULO, que por tudo isso deixa seus filhos frios, quase que sem consciência, fazendo com que a fama do paulistano seja a de insensível, de desumano.

SÃO PAULO, Dia 25 de janeiro: essa é uma boa data para nós e principalmente para os dirigentes dessa cidade, pararmos um pouco para refletir, até que ponto estamos contribuindo para esse afastamento para a desumanidade e a falta de amor, que essa data seja marcada pela reflexão dos seres humanos, para que eles não se tornem assim como os grandes prédios de concreto que tomaram conta desta cidade.

(*) Sobre o Autor - Paulo Caminha é jornalista e Doutor em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (ECA/USP). Jornalista profissional desde 1975, já trabalhou nos principais órgãos de imprensa do País: Imprensa Oficial do Estado de S. Paulo-IMESP, Jornal do Brasil, O Dia, Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, A Tarde, Jornal da Manhã, O Globo e outras publicações (revistas, e redes de TV), nas funções de repórter. Atualmente o professor-doutor Paulo Caminha é jornalista correspondente e professor universitário.

Contato Blog: paulo_caminha1@yahoo.com.br